O compromisso social da escola
transdisciplinar
Por: Mestre Pop
Uma escola de capoeira transdisciplinar visa a
formação do aluno não somente enquanto capoeirista, mas como um ser humano integral.
A política pedagógica transdisciplinar contempla o conhecimento da capoeira em
sua diversidade, mas não de forma fragmentada e compartimentada. Desta forma
permite os alunos visualizarem e compreenderem o universo da capoeira como um
universo plural repleto de diversidade, e é nesta diversidade que o aluno
deverá encontrar também o seu próprio universo, buscando interagir de forma
solidária e fraterna, com os demais elementos que constituem o universo da
capoeira como um todo.
Tradicionalmente os mestres de capoeira se
utilizam de métodos disciplinares. Estes
métodos por sua lógica valorizam uma única realidade da capoeira que é a do
próprio mestre. A disciplinaridade se fecha em si mesma, reconhecendo também as
outras disciplinas, porém cria barreiras de comunicação e inter-relação, já que
se foca na sua especificidade em contraponto à especificidade do outro. Por
outro lado, a transdisciplinaridade vê o que está entre e através das
disciplinas, ou seja, o que as une e não aquilo que as separa.
A
partir do momento em que, pela reflexão e observação sensível, nos damos conta que
o papel dos mestres e grupos de capoeira na sociedade é a transformação social
e a perpetuação da cultura, este deve se dar a partir de uma perspectiva
plural, democrática e solidária, a fim de formarmos seres humanos com
habilidades distintas às que são submetidos atualmente pela visão de educação
disciplinar. Habilidades essas que atenderão à emergente necessidade de
construção ativa de um novo tipo de sociedade: mais humana, criativa, que saiba
conviver e valorizar a própria diversidade, que saiba interagir com o ambiente
natural de maneira mais responsável e sustentável.
E quais são os desafios que estão postos aos
mestres na contemporaneidade? Entender que a sociedade de hoje não é a mesma do
passado. Que a sociedade atual está cada vez mais exigente em relação a tudo:
qualidade, eficiência, resultados, não se conformando com injustiças, com
intolerância, discriminação e toda e qualquer forma de opressão.
Desta forma é necessário compreender que
aquela visão fechada, muitas vezes preconceituosa e discriminatória de um saber
para o outro, deve ceder lugar ao entendimento de que a capoeira é uma
diversidade, são muitas em uma só e que a mesma hoje ganhou proporções universais.
Desta maneira também é preciso compreendê-la de forma universalizada, especialmente
na construção dos saberes sobre a mesma, destruindo assim as fronteiras
conceituais que hoje nos separam: regional de um lado, contemporânea de outro,
angola do outro e assim por diante. A capoeira hoje não está mais
regionalizada, ou seja, na Bahia ou Rio de Janeiro, como historicamente sempre
esteve. A capoeira é um patrimônio do Brasil para o mundo e desta maneira os
paradigmas e dicotomias existentes devem aos poucos ser rompidos.
É necessário reaprender a pensar a capoeira na
atualidade até para que possamos oferecer aos iniciantes nesta prática a
oportunidade de contemplar e reconhecer que existe um horizonte para além do
horizonte de seu próprio mestre. Desta forma vamos construir uma sociedade
capoeirística solidária e fraterna, onde a cultura e os saberes em sua
diversidade são reconhecidos e acima de tudo valorizados.
FAÇA PARTE DA ESCOLA TRANSDISCIPLINAR AÚ CAPOEIRA.
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